Neste sábado, dia 11 de agosto, o
Café Controverso do Espaço TIM UFMG do Conhecimento debate um tema
polêmico: “qual é a melhor forma de parto”? A questão será analisada por
dois especialistas: João Batista Marinho, obstetra e diretor clínico do
Hospital Sofia Feldman, e Antônio Carlos Vieira Cabral, professor
titular do Departamento de Obstetrícia da UFMG. O evento é aberto ao
público e acontece, às 11h, no café do espaço, no Circuito Cultural
Praça da Liberdade. A entrada é franca.
Segundo João Batista, a gravidez é
estigmatizada por muitos como uma enfermidade, um estado anormal.
“Existe um pensamento arraigado de que o parto é problema. Por isso, ele
é frequentemente encarado como um procedimento cirúrgico”, explica.
Entretanto, certas intervenções ao corpo feminino geram descontentamento
entre mulheres e homens, que clamam por mais assistência e cuidados
nessa hora. A humanização do parto, conta o obstetra, “é uma valorização
do protagonismo da mulher, que favorece o processo de fisiologia
natural, como no passado, porém mantendo a segurança já adquirida com os
avanços da medicina”. Nesse sentido, ele defende que se deve fazer do
hospital um local mais aconchegante e parecido ao ambiente doméstico,
onde a gestante tenha liberdade de circulação e posição, e possa contar
com o acompanhamento de pessoas capazes de oferecer apoio, como
indivíduos da família ou doulas, que dão suporte à gestante antes,
durante e depois do parto.
A questão sobre qual profissional
estaria capacitado para conduzir o parto é polêmica. Segundo o Conselho
Regional de Medicina do Rio de Janeiro, ela é uma exclusividade do
médico e não se admite a presença de qualquer outro especialista na
execução do trabalho. Contudo, a posição não é consensual. No Hospital
Sofia Feldman e no Hospital Risoleta Neves (UFMG), em Belo Horizonte,
por exemplo, o modelo é colaborativo e os partos são realizados também
por enfermeiras obstetras.
João Batista Marinho e Antônio
Carlos Vieira Cabral concordam que pode haver interesses econômicos e de
classe em tamanha resistência pelo monopólio. “Quando começam a
discutir outros modelos, com outros atores participantes, grupos se
sentem afetados”, comenta João. E complementa: “a medicina não deve ser
encarada como uma atividade mercantil; médicos são prestadores de
serviço da sociedade”.
Antônio Carlos defende que a
melhor forma de parto é circunstancial à situação da gestante. “De
acordo com o perfil da gravidez, procedimentos diferentes podem ser
adotados. Na Obstetrícia da UFMG, o Hospital das Clínicas opera partos
de alto risco e é muito mais medicalizado, ao passo que o Hospital
Risoleta Neves realiza menos intervenções médicas, por lidar com casos
que apresentam um quadro clínico habitual. Ou seja, a mesma instituição,
com os mesmos profissionais, desenvolve dois modelos”, conta. Em partos
de alto risco, a questão da humanização fica em segundo plano: “a
preocupação é mobilizada em outro sentido e o que mais preocupa é o
resultado, isto é, a possibilidade de sobrevida ou não do filho”. Para o
professor, o importante é que ambos resultem em criança e mãe
sadias. “Há diversos modelos assistenciais possíveis. É preciso
conciliar os interesses da mãe, da criança e do médico, a fim de que
haja harmonia entre as partes”, argumenta Antônio Carlos.
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