segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

OS NENÊS NASCEM!

(Uma cena retratada pela jornalista Kalu Brum, o Francisco (que nasceu de cesárea) acariciando a mamãe, que poucas horas depois, daria a luz por vias naturais, em casa, o pequeno Téo)

A cesárea foi abordada com mais ênfase na última Roda Bem Nascer, onde havia uma gestante que fazia essa opção. A partir disso, encaminhei a discussão para relatos que dariam informações concretas sobre a cirurgia. Fiz então esse artigo, com base na RODA BEM NASCER MANGABEIRAS, que aconteceu no último sábado de janeiro., que contou com a participação de 50 pessoas, entre mães, pais, filhos, gestantes e estudantes.
Milhares de pessoas nasceram de cesáreas todos os anos no Brasil desde a década de 70. Hoje elas tem 40, 30, 20, 10, 1 ano...Todas passaram pela experiência de chegar ao mundo por vias não naturais. Elas foram tiradas, muitas vezes arrancadas dos ventres de suas mães. Todos são vítimas de um sistema que privilegia mais as máquinas e a tecnologia e não a naturalidade do processo de nascimento.

Sempre nos perguntamos: todo esse procedimento, essa forma de nascer, essa "violência" deixa sequelas? Emocionais, psíquicas, físicas? Afinal, é uma cirurgia e uma intervenção radical na fisiologia da mulher e na ecologia do nascimento.
Diz um ditado "quem não luta para nascer, não luta para viver". Procede? Seguindo o curso natural da curiosidade, que motiva a todo jornalista, passei a fazer perguntas e a procurar respostas. Essa criança não participou dessa primeira maratona, a que se lança -juntamente com a mãe - na aventura de romper aquele túnel e chegar à luz que brilha ao final e ser então acolhida pelos braços da mãe. A mãe a recebe inteira, não está dolorida. Já para o recém nascido da cesárea, ele nasce em meios a cortes, suturas, costuras, sangue. E toma um primeiro contato com as "drogas" desse mundo, na forma dos antibióticos, anestésicos. A renascedora Alessandra Meira, que trabalha com a técnica que leva a pessoa à consciência intra-uterina, onde ela vivencia o próprio nascimento, tem percebido algumas relações entre a opção pelas drogas na juventude e os medicamentos do parto.
Numa cesárea eletiva, nem mãe nem nenê tomam o banho de hormônios que irão favorecer a interação instintiva entre os dois. Isso pode comprometer de alguma forma a relação entre os dois? E as mães, são afetadas pela cesárea? Essa mulher que não pare por opção, não participa dessa maratona da vida e entrega o parto a mãos masculinas, ela é física, psicológica, emocionalmente afetada?

Todas essas posturas, procedimentos e decisão são frutos, na maioria das vezes, de falta de esclarecimentos, de uma cultura cesarista que tem predominado no país nos últimos 30 anos e que leva as mulheres a acharem realmente que a cesárea é melhor que o parto normal. Fogem de uma "dor" passageira, para uma dor pós-cirúrgica, onde não se corta só a carne, corta-se energeticamente, corta-se - muitas vezes - a alma dessas mulheres.

Nesses 30 anos de voluntariado e militância na área da maternidade, ouvi muitos relatos que atestam essa influência da cesariana na vida das pessoas. Na última Roda Bem Nascer, ouvi algumas falas:
- Eu sinto uma força me impulsionando, dos meus signos, projetos para fazer, mas algo me paralisa...
- Eu tinha claustrofobia, não podia me trancar em um elevador e um sonho recorrente, estava em um lugar fechado e via uma luz e acordava assustada...
- Eu também sinto o mesmo, uma indecisão e uma dificuldade de agir...
A terapeuta Alessandra Meira, que mais uma vez nos presenteou com sua presença na Roda Bem Nascer Mangabeiras afirmou que segundo a técnica do "Renascimento" "a gente vive de acordo com o primeiro registro, o primeiro olhar para o mundo". Deu um exemplo: "se a criança vem ao mundo anestesiada numa cesárea, vai relacionar drogas com vida". Mas ela disse que "tem conserto".
O depoimento da jornalista Kalu Brum também enriqueceu a discussão. Foi ela quem contou a experiência da claustrofobia. E por si mesma, entrou em uma gruta pequena e onde corria água e quando saiu do outro lado, sentiu que tinha renascido e se curou da claustrofobia que hoje ela tem certeza "foi fruto da cesárea".
UMA BENÇÃO!
A RODA BEM NASCER foi linda. Contou com cerca de 50 pessoas. Muitos bebês!Começamos com a prometida aula de Yoga, que foi uma benção, um verdadeiro círculo de mulheres. Cantamos mantras de saudação aos nenês. Três deles já tinham nomes escolhidos: Liz, Yucon e Rayom. Senti que elas estavam gestando verdadeiros guerreiros da paz! Terminamos abraçadas.
Quem foi à Roda ouviu sobre todo o tipo de parto: parto domiciliar, parto desassistido, parto hospitalar humanizado, parto hospitalar tradicional, cesarianas e até o parto "Lótus", onde só se corta o cordão umbilical 24 horas depois e a placenta fica junto ao nenê por 24 horas. Quem permitiu o parto? O Sofia Feldman, é claro. Ouvimos também um absurdo: uma gestante foi abandonada pelo seu médico no seu pré natal com 35 semanas. Ele disse:Olha, vou viajar, nosso pré natal está terminado.
E é possível um parto normal após uma cesárea? Todos sabemos que sim. Presenciamos a pouco o nascimento do Téo, filho da Geozeli e do Glicério, que nasceu após uma cesárea feita há um pouco mais de um ano, no nascimento do Francisco. E o parto foi domiciliar. Estiveram presentes- informou a Kalu - três parteiras e duas doulas.
Quando o nenê nasceu, Geozeli comentou: OS NENÊS NASCEM!

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