(Praça de Carmo do Rio Claro, e como em várias cidades do interior, é alto o índice de cesarianas)
Pude presenciar uma situação muito dolorosa. Nasceram dois bezerrinhos gêmeos. Minhas irmãs ajudaram a salvar um dos bezerros, que havia nascido fraquinho. Carregaram o bezerro, deram mamadeira etc. Salvos, ficamos sabendo que seriam vendidos dois dias depois para abate por R$ 15,00 cada.
O primo informou que, se fossem bezerras, ficariam vivas. Como fêmeas, foram criadas para dar muito leite, mas o macho nasce fraco e se desenvolve pouco. Elas não mamam nas mães. Nasceu um bezerro do outro sobrinho - aquele do sistema tradicional - ele vai criá-lo para virar boi e o venderá para corte quando for grande. Suas vacas dão menos leite e ele ganha com os boizinhos criados. As mães ainda amamentam.
Vi que até as vacas precisam de alguém que as defendam, nesse nosso sistema capitalista. Brinquei com meu sobrinho, vou criar a Bem Nascer das Vacas, as pobres nem podem mais namorar e perdem constantemente seus filhos "homens". É o único lugar em que as fêmeas tem mais valor que os machos.
Sendo bastante radical, como filha de fazendeiro, também acho que nós somos muito mal agradecidos com as vacas, que nos dão leite a vida toda e, quando ficam velhinhas, são vendidas para corte. Você já viu asilo de vacas? Eu vi, na India. Uma grande ingratidão matá-las, depois de tantos anos nos servido.
Os partos por lá - Carmo do Rio Claro - continuam sendo cesarianas. Meu primo, Benedito Araújo Pereira, que foi diretor do hospital nos últimos 4 anos contou que as mulheres já chegam com a cesariana paga ao médico por fora, já que os partos normais são gratuitos. Fiquei sabendo, entretanto, que no hospital chegou uma enfermeira aberta à causa - Carla. Pedi a minha irmã para entregar a ela e ao Dr. João, vice prefeito da cidade, exemplares do Jornal Bem Nascer. Plantei lá uma semente...
Adorei o post!
ResponderExcluirBem representativa a história, contada com humor e consciencia!
Beijos
ah ah ah !
ResponderExcluirÉ cômico e trágico ao mesmo tempo, né Flavinha. Pobre das vacas!