quarta-feira, 27 de maio de 2009

POR BOAS PRÁTICAS NO PARTO


Na foto: Sônia Lansky (Comissão Perinatal da Secretaria Mun.Saúde e a enfermeira Mirian Rego, da Puc e da ong Bem Nascer.


ONG BEM NASCER PROMOVE NA PUC PALESTRA
SOBRE AS BOAS PRÁTICAS NO PARTO

“Cada um de vocês é importante para nós da ONG Bem Nascer. Sensibilizar os universitários, os profissionais de saúde antes de saírem para o mercado de trabalho é uma das nossas metas dentro da disseminação da cultura do parto normal”




Com essas palavras, a presidente da ONG Bem Nascer, Cleise Soares abriu a mesa redonda sobre “Boas Práticas no Parto – Diga Não à Cesárea Desnecessária”, realizada dia 23 de maio de 2009 para estudantes de enfermagem da PUC Barreiro, numa promoção da ONG Bem Nascer, em comemoração a Semana Mundial de Respeito ao Nascimento. O evento fez parte da Semana de Enfermagem da PUC, coordenada pela enfermeira obstetra Mirian Rego.
Sentaram-se à mesa: Dr. João Batista de Oliveira (obstetra do Hospital Sofia Feldman, integrante da Bem Nascer) Alessandra Godinho (doula e educadora perinatal, ong Bem Nascer), Mirian Rego (enfermeira obstetra e professora da PUC, ong Bem Nascer), Cleise Soares (jornalista, professora de Yoga e presidente da ONG Bem Nascer), Sônia Lansky (pediatra, Comissão Perinatal da Secretaria Municipal de Saúde, representando o Movimento BH Pelo Parto Normal) e Daphne Bergo Paiva (psicóloga, secretária da ONG Bem Nascer, representando as usuárias). O objetivo foi enfocar a contribuição de profissionais - enfermeiros obstetras, obstetras, doulas – e o papel instituições e listas da Internet na disseminação da cultura do parto normal e diminuição da cesárea desnecessária.
A mesa redonda foi aberta pela pediatra Sônia Lansky, representando a Secretaria Municipal de Saúde e o Movimento BH Pelo Parto Normal. Sônia situou os marcos legais de apoio à humanização do nascimento.


- Declaração dos Direitos Humanos (1948)
- Objetivos do Milênio da ONU (2000) - ressalta a saúde da gestante e da criança
- Pacto pela Saúde – Pacto pela Vida do Ministério da Saúde (2006)
- Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neo Natal (2004)
- Programa de Humanização do Parto e Nascimento (2000)
- Portaria 1067 Assistência Obstétrica Neonatal (2005)
- RDC 36 (2008), portaria da ANVISA que traçou normas de funcionamento das maternidades
.


Segundo Sônia Lansky, a Secretaria Municipal de Saúde nesta gestão fechou seis maternidades onde a mortalidade materno-infantil era alta e havia má qualidade no atendimento. Passou a monitorar as maternidades, investir em ações de humanização baseada em evidências científicas, em capacitação dos profissionais e educação continuada. Colocou nos hospitais a figura da Doula (aquela que serve ao nascimento), mulheres voluntárias que dão conforto às gestantes do SUS e implantou a Lei do Acompanhante, além de articular o Movimento BH Pelo Parto Normal, que teceu uma rede que inclui desde o setor público ao privado, entidades de classes, federações e organizações não governamentais.
Sonia Lansy destacou que "existe uma epidemia de cesáreas em Belo Horizonte – em alguns hospitais chega a 90 por cento - que leva a uma epidemia de prematuridade. Agora a nossa luta é para implantar a portaria RDC 36, que preconiza boas práticas no parto”. A portaria aponta o caminho: quarto com o máximo de duas pessoas, com chuveiro, bola, escada de ling, espaço para deambular e outros procedimentos que vem ao encontro do que os ativistas preconizam como o melhor no atendimento e o caminho para a humanização do nascimento.



O PARTO DO FUTURO

Dr. João Batista contou de um filme futurista onde uma mulher tem seu parto dentro de uma nave espacial em guerra. Um parto natural. Com sua fina ironia, disse que nem os futuristas conseguem imaginar um parto para os humanos que não seja o natural. Destacou que a cultura da cesárea é recente, mas que pode mudar a história da humanidade. Lembrou o obstetra francês Michel Odent dizendo que é a primeira vez na história do homem que se interfere tão radicalmente no ato de nascer. Suas palavras foram contundentes: estamos vivendo o desafio do século, até quando o ser humano vai existir?”.

A enfermeira Mirian Rego salientou a importância da enfermeira obstetra neste processo, atuando em casas de parto e em domicílio. Segundo ela, a mulher deve ter seu filho em um local onde se sinta segura. “Recomenda-se que seja o lugar mais próximo da sua casa e da sua cultura.” Acentuou uma vantagem do parto domiciliar: as mulheres são submetidas a menos intervenções. Mirian Rego disse que estes procedimentos são feitos com toda segurança. “Os partos domiciliares são planejados. Levamos instrumentos para primeiros socorros e deixamos a ambulância de prontidão. No nosso caso, temos a retaguarda do Hospital Sofia Feldman. A Organização Mundial de Saúde, em documento de 1996, recomenda o parto domiciliar em casos onde não haja riscos para a mãe e o filho.”

Alessandra Godinho enfocou o papel da doula, que é companhar a gestante desde antes do nascimento, o parto e o pós-parto, dando conforto e amenizando os incômodos naturais da gestação e do nascimento. Disse que estudos mostram que os partos costumam ser mais fáceis com a presença de uma doula. ”As mães ficam mais tranqüilas e confiantes.”

Cleise Soares deu testemunho da humanização do nascimento nos últimos 25 anos, desde a realização do I Seminário pela Humanização do Nascimento, em 1985, que realizou na ONG Grávida-Grupo pela Garantia à Gravidez Ameaçada, e apontou os avanços alcançados desde então. Segundo ela, “Do Podecrê ao Oficial: antigamente parto natural era coisa do pessoal mais alternativo e poucos médicos assistiam partos de cócoras. “Hoje, nós da ONG Bem Nascer trabalhamos com o respaldo oficial, a começar pela Organização Mundial de Saúde, Ministério e Secretaria de Saúde. Hoje a cesárea é uma questão de saúde pública e de saúde financeira. Fica cara, demanda mais remédios e internações. E o nenê começa a vida mamando remédios”.
A Jornalista disse que o parto sempre foi um evento feminino, cercado pelas parteiras, mães, avós e vizinhas e que os anos 2000 vão marcar a volta das mulheres ao cenário do parto, através das parteiras acadêmicas e doulas, e da mudança do modelo, que deixará de ser centrado no médico para uma equipe multidisciplinar, onde a enfermeira obstetra terá o seu lugar junto aos outros profissionais. E terminou animando os futuros enfermeiros: “com o crescimento da consciência, o empoderamento das mulheres através das listas da Internet, com certeza vai crescer a demanda para a profissão de enfermeiros obstetras”.






AO VIVO E A CORES




A mesa redonda finalizou com dois depoimentos de parto, ambos acontecidos no Sofia Feldman. A psicóloga Daphne Bergo Paiva teve dois partos: um normal, com muitas intervenções – ocitocina, anestesia, fórceps - e o outro natural, na banheira da casa de partos do Sofia Feldman, “o parto dos meus sonhos”. Ela descobriu em seu segundo parto que “ é só deixar a sua natureza agir, que o próprio corpo sabe o momento de fazer a força para fazer nascer a criança. Este parto foi sem ocitocina, sem anestesia, sem tricotomia, sem episiotomia e “não houve laceração. O próximo, se vier vai ser em casa com uma enfermeira obstetra”.
Na platéia, com o Lucas no colo, estava Iara Rodrigues. Ela havia estado em uma Roda Bem Nascer às vésperas do seu parto. Agora, com o filho no colo, foi convidada a contar para os estudantes a sua experiência feliz no parto no Hospital Sofia Feldman. Ela preferiu se internar no hospital e não na casa de partos. Ali, sentiu-se segura e teve um parto rápido.Logo depois, já se sentia inteira, renovada. Iara e Lucas fecharam a mesa redonda com chave de ouro e foram testemunhos vivos do resultado de um parto respeitoso e humanizado.

PRÓXIMO EVENTO

Dentro das comemorações da Semana Mundial por um Nascimento Respeitoso será realizada no próximo sábado, dia 30 de maio, às 9h30, a RODA BEM NASCER MANGABEIRAS, com palestra da obstetra Quésia Tâmara sobre “Boas Práticas no Parto”. A Roda acontece no Parque das Mangabeiras, noCentro de Educação Ambiental (CEAM), dentro do programa de ecologia ambiental, enfocando a ecologia do nascimento. Haverá também uma exposição de fotos tiradas logo após o nascimento. Cada uma delas derruba um mito. Partos que poderiam, em outros locais e com outros médicos, terem se transformado em uma cesárea e foram naturais.

A obstetra Quésia Tâmara trabalha na Maternidade Santa Fé e no Risoleta Neves e falará sobre “Boas Práticas no Parto”. Será e exibirá o filme “Nascendo no Brasil”. Quésia faz parte também do Núcleo Bem Nascer, de médicos pelo parto normal e é associada à ONG Bem Nascer.

A entrada é gratuita. Cada um deve levar uma contribuição para o lanche coletivo.

Bem Nascer de Idéias – Rede Comunicação da ONG Bem Nascer
Contatos: 8504.8838 (Cleise Soares)

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